Designados popularmente por Bilobites, os icnofósseis de Cruziana são testemunhos de atividade de artrópodes marinhos há muito extintos, as Trilobites. Os icnofósseis permitem interpretar o comportamento dos organismos do passado. Em muitos casos sendo enigmática a relação entre espécie produtora e as marcas deixadas. Da locomoção na procura de alimento das Trilobites nos fundos marinhos resultaram sulcos onde se observam padrões de marcas de arranhamento produzidas pelos apêndices. As estruturas preenchidas em dois lóbulos resultaram em moldes naturais que permitem observar detalhes da atividade e até indicar o sentido do deslocamento.

As Cruziana foram descritas por Alcides d´Orbigny (1802-1857), naturalista francês enviado pelo Museu de História Natural de Paris aos territórios da América do Sul para observar e coletar espécimes para o museu. Da cordilheira do Andes, na Bolívia, d´Orbigny traz uns fósseis abundantes que interpreta como animais articulados. Em 1842 descreve Cruziana e dedica o nome a Santa Cruz, então presidente do proclamado estado do Peru e Bolívia, e mecenas da viagem aqueles territórios para cartografar a Geologia. Apenas a meados do séc. XX começou a haver consenso entre paleontólogos na interpretação destes registos como marcas de animais marinhos do Paleozoico.

Este espécime forma parte de um conjunto de registos trazidos da Livraria do Mondego (Penacova), um local de interesse geológico onde o rio Mondego corta os estratos verticais de quartzito formados no Ordovícico (há 475 milhões de anos).

Bilobites - Cruziana goldfussi (Rouault, 1850)
MIN.003094
Livraria do Mondego, Penacova